A tripulação presente no navio ficou um pouco confusa no inicio, mas ninguém quis contraria as ordens do príncipe herdeiro de Ofir e correr o risco de perder a cabeça por causa disso – tenho mais lembranças quanto a esse assunto de “perder a cabeça”.
– Você é louco mesmo! – disse para Alexis.
– Sou muito louco! – ele sorriu enquanto observava o mar – Mas isso é ainda pouco se comprarmos ao tamanho da loucura que eu tenho por você. Eu te amo enlouquecidamente.
– Seria feio se eu copiasse sua frase? – perguntei o abraçando – Eu te amo enlouquecidamente também.
– Sabe que eu não queria estar em nenhum outro lugar agora. – ele me abraçou mais forte – Isso que estou vivendo agora é tudo o que eu sempre quis viver. Estar com você faz todo o sofrimento que passei valer à pena. Chegar aonde cheguei com você... Eu te amo.
– Alexis! – virei para olhar seu rosto – Eu para de falar essas coisas. Eu fico sem saber como responder. O que eu estou sentindo agora... Não existem palavras que descrevam o tamanho da minha felicidade, apesar de haver mais motivos para ficarmos tristes.
– Está falando de Bianor? – ele ficou sério.
– É difícil não pensar que neste momento ele pode estar planejando o próximo passo. – sai do seu abraço – Essa trégua não irá durar para sempre.
– Mas nós iremos fazer o possível e o impossível, se for possível, para deter Bianor. – ele tentou encarar a situação com humor.
– Alexis...
Antes que eu completasse a frase, Alexis fechou minha boca com seus lábios.
Os beijos de Alexis eram completamente diferentes dos beijos de Nicardo. Não eram vagos e distantes. Os beijos de Alexis eram devoradores, sedentos, quentes. Eram beijos devastadores e sufocantes, mas ao mesmo tempo eram extasiantes e me levava aos extremos. Eram beijos impossíveis de resistir.
– Vamos combinar uma coisa? – ele perguntou enquanto retomava o fôlego.
– O que? – disse um pouco ofegante.
– Não vamos falar de Bianor. Pelo menos enquanto estivermos aqui no navio. – ele voltou a me abraçar, porém com menos força – Eu preparei essa “viagem” para curtir um pouco você. Para curtir um pouco nós dois. Se formos conversar, vamos conversar apenas sobre nós.
– Tudo bem! – respondi sorrindo.
A manhã passou bem rápido e logo chegou à tarde. Eu e Alexis quase não vimos a tarde chegar. Estávamos vivendo uma lua de mel antecipada, não tinha como reparar o tempo passando.
– Sabe Beatriz. – Alexis estava atrás de mim, me abraçando – Eu nunca achei que um dia pudesse fazer loucuras por amor. Eu via meu irmão agindo contra as leis de Ofir, se envolvendo com uma plebéia, desafiando o nosso pai e renegando o trono em nome desse sentimento que eu julgava ridículo.
– E hoje você ainda pensa assim? – perguntei.
– Hoje eu o entendo perfeitamente. – Ele sorriu – Se estivesse em seu lugar eu teria feito o mesmo.
– Você enfrentaria a todos por mim? – me virei sem sair do abraço.
– E você ainda pergunta? – ele abriu um largo sorriso – Eu faria tudo o que Neandro fez e muito mais. Hoje, você é a coisa mais importante na minha vida. Ficar com você e resgatar minha mãe são minhas únicas prioridades.
Eu o beijei na mesma hora e ele retribuiu o beijo. Eu estava no céu. Flutuando entre as nuvens em um céu muito azul.
– Já eu sempre acreditei e entendi o amor. – disse séria – Até...
– Até?... – ele me fitou curioso.
– Nada. – fiquei um pouco triste – É só um assunto bobo. Nada de importante.
– Se é sobre você, então é importante! – ele insistiu.
– Mas é um assunto meio chato para se conversar com o namorado. – tentei fazer-lo desistir.
– Tudo bem. – ele sorriu – Não sendo sobre aquele namorado, eu não ligo.
– Tem certeza? – fiz uma última tentativa.
– Beatriz? – ele ficou sério.
– Sim? – sorri.
– Fala logo! – ele voltou a sorrir.
– Eu vou te contar, mas não fique bravo.
– Prometo! – ele levantou a mão direita.
– Sabe que hoje eu acho até graça. – sorri – Não muita. Foi o meu primeiro namorado.
– O que tem o seu primeiro namorado? – ele perguntou.
– Foi há 4 anos, quando eu tinha 16. – relembrei – Eu estava muito apaixonada. Acreditava que ele era o meu príncipe encantado e que viveria com ele para sempre. Ele parecia ser perfeito. Era bonito, educado, bem humorado, mas ninguém pode ser perfeito certo?
– Acho que não. – Alexis respondeu sério.
– Eu estava vivendo uma grande felicidade e achava que nada poderia destruir aquela felicidade. – continuei relembrando – Até que um dia ele veio e conversou comigo. Uma conversa séria. Ele me pediu desculpas e disse que estava comigo apenas para fazer ciúmes na ex-namorada e que ela estava querendo voltar para ele. Eu achei que não sobreviveria com aquela dor.
– Mas que cretino! – Alexis se irritou – Cretino e burro. Perder uma garota como você.
– Acho que isso foi um elogio! – sorri – Mas eu sobrevivi e continuei seguindo, porém, nunca mais quis dar oportunidade ao amor novamente, até você aparecer.
– Não me leve a mal, mas eu achei ótimo esse babaca ter feito isso com você!
– Alexis! – dei um tapa em seu ombro.
– Claro! – ele sorriu – Raciocine. Se ele não tivesse terminado com você eu não teria chances. Talvez você nem tivesse vindo para Ofir. Eu tenho muito a agradecer.
– Seu bobo! – dei outro tapa em Alexis, mas desta vez seguido por um beijo – Eu amo demais você sabia?
– Eu estou sabendo! – ele sorriu.
– Alexis... – um lampejo de realidade surgiu em mim – E depois?
– Depois do que? – ele ficou sério.
– Depois que tudo isso acabar. Depois que derrotamos Bianor e Ofir voltar a ser o que era antes, o que vai acontecer?
– Como assim?
– Eu não sou apenas uma plebéia, eu sou uma terráquea. De certa forma eu sou uma “alienígena” neste mundo. – disse séria – Uma hora eu vou ter que voltar para casa.
– Beatriz... Vamos deixar o futuro com o futuro, eu já disse.
– Mas eu tenho tanto medo. – o abracei forte – Eu não sei o que eu faria sem você e essa incertezas me deixam aflitas. Agora que te consegui, não queria que nada nos separasse.
– E nada irá nos separar! – ele também me abraçou forte – Eu posso garantir que nada poderá nos separar. Nada!
– Eu sei, mas ainda tenho medo. – fiquei séria – Na minha vida eu aprendi a ter minha felicidade arrancada de mim. É muito difícil não ter medo quando se está vivendo uma felicidade como a que estou vivendo agora, com tantos riscos ao meu redor.
– Você pena demais no que está para acontecer. Não fique pensando tanto no “e se...”
– Alexis! – encostei a cabeça no ombro dele – Eu te amo.
Mais uma vez o beijo veio automaticamente. Eu não sabia o que esperar daquela viagem. Não sabia o que estava para acontecer e nem imaginava que poderia ser de mim, mas quando Alexis me beijava todas essas incertezas sumiam e ficava apenas uma coisa em minha cabeça: como eu amo esse príncipe metido!
A noite também chegou rápido. As luas vistas do navio eram bem mais brilhantes e bonitas. Ver-las ao lado da pessoa que você ama também ajuda muito. Eu não queria me afastar daquilo jamais. Estava tudo sendo especial demais para se imaginar um fim.
– Você está tão pensativa. – Alexis perguntou – O que aconteceu.
– Desta vez nada. – estava aconchegada nos braços de Alexis – Eu só gosto de olhar as luas. Elas são tão lindas e me trazem tanta paz. Agora elas parecem ainda mais lindas e brilhantes.
– Realmente. – Alexis fitou as luas – Elas parecem estar contemplando a nossa felicidade e abençoando o nosso amor.
– Que dure para sempre e seja tão belo quanto essas luas. – apertei a minha mão com a de Alexis.
– Essas palavras nem eu poderia ter dito melhor! – ele suspirou.
– Acho que já ouvi essa frase antes!
– Você ficou com muito medo? – Alexis perguntou.
– De que? – rebati.
– De Ofir. – ele ficou sério – Às vezes, quando estava preso no bosque, eu te sentia tão aflita e com tanto medo. Parecia que você queria estar em qualquer lugar, menos aqui.
– Eu realmente não tive bons momentos enquanto estava sem memória. – fitei o chão – Eu me sentia perdida e sem identidade. As pessoas falavam sobre coisas que eu havia feito e eu não conseguia lembrar. Eu tentava puxar da memória, mas as lembranças nunca apareciam. Era algo muito perturbador na verdade.
– Sinto-me horrível por não estar ao seu lado neste momento. – ele beijou minha mão – Eu queria tanto ter estado ao seu lado.
– Acho que eu só não recuperei a memória mais depressa por que você não estava por perto. – brinquei, apesar de acreditar nisso – Eu que me sinto horrível toda vez que olho para essa cicatriz em seu braço.
– Já eu sinto orgulho dela. – ele levantou o braço esquerdo – É a prova de que eu faço qualquer coisa por você. Eu tenho outra nas costas, quer ver?
– Não! – disse alto – Eu não gosto de lembrar que isso aconteceu. Eu não consigo imaginar a dor que você sentiu.
– Não foi tão grande assim. – ele sorriu e depois ficou sério – Tudo bem, doeu pra Caramba, mas já passou. Fora que ter você comigo compensa qualquer dor que eu já tenha passado em minha vida e qualquer dor que eu venha a sentir. Se eu puder continuar vivo para ouvir você dizer que me ama, qualquer coisa será valida.
– Não diga uma coisa dessas! – briguei.
– Bobagem. – ele sorriu.
– Disse tudo: BOBAGEM!
– Vamos entrar? – Alexis se levantou devagar – Está ficando frio aqui.
– Está mesmo. – me levantei também – Vamos entrar.
A cabine do capitão era bem luxuosa para o padrão do resto do navio. Parecia um quarto de hotel. Havia uma cama enorme revestida com pequenas pedrinhas douradas e com lençóis de seda branca, um longo tapete com um desenho de forma irregular – me fazia lembrar uma baleia engolindo um caminhão, mas sabia que não era aquilo – e um guarda roupas bem grande que, assim como a cama, era revestido em pedras douradas.
– E um quarto bem aconchegante! – disse assim que entrei.
– Acho que escolhi bem o navio! – Alexis sorriu – Fico feliz que tenha gostado dele.
– É muito bonito. – sorri – Adorei os candelabros. A iluminação da luz de velas da um clima romântico ao quarto.
– Acho que é exatamente o que estávamos procurando! – Alexis deitou na cama – Esse colchão é ótimo. Deita aqui Beatriz!
– Não, não! – fiz um sinal negativo com o dedo – Pensa que eu não sei qual são as suas intenções?
– E quais são minhas intenções? – ele se sentou.
– Você quer que eu me deite, para depois me seduzir e fazer-me fazer o que não quero fazer.
– E o que você não quer fazer? – ele me olhou malicioso.
Alexis se levantou e começou a me beijar lentamente. Seus lábios beijavam meu braço e iam subindo até o pescoço. Alexis me abraçou por trás e continuou beijando meu pescoço devagar. Meu coração estava por um fio. Ele pegou meu braço e me fez abraçar-lo também. Seus lábios quentes foram descendo novamente e beijaram meus ombros. Joguei o meu cabelo para o lado contrario ao que Alexis estava beijando e segurei firme em sua mão. Minhas pernas estavam tremendo e eu estava sem ação e só conseguia pensar em querer mais e mais.
Alexis me soltou e me fez virar, olhando em meus olhos. Um olhar sedento e sedutor. Seus lábios agora atacavam meu queixo. Ele dava leves mordidas e subia até minha orelha, dando mais leves mordias e seguindo para minha boca. Suas mãos desciam pelas minhas costas e agarravam minhas pernas. Quando menos percebi, Alexis estava me segurando no colo e beijando novamente meu pescoço.
– Você realmente não quer fazer nada essa noite? – Alexis perguntou e eu respondi com um beijo.
Alexis me levou até a cama e sentou comigo no colo. Ele começou lentamente a me despir e beijar a cada nova parte descoberta do meu corpo. Acabei fazendo o mesmo e retirando sua camisa. Segurei firme em seus braços e o beijei desesperadamente.
Deitei-me na cama enquanto Alexis se despia por completo. Meu coração estava mais acelerado que nunca e meu corpo estava em chamas. Eu quase não conseguia respirar direito, mas mesmo assim eu não queria que ele parasse.
Alexis pegou minha perna e começou a me beijar começando pelos pés. Enquanto seus lábios subiam pela minha perna, meu coração tentava fugir pela boca e quando seus beijos alcançaram minha barriga, achei que o sentiria sair de verdade.
Alexis me puxou para perto dele e grudou seu corpo no meu. Pude sentir que seu coração também estava acelerado. Ele envolveu seus braços em minha cintura enquanto nos beijávamos. Eu acariciava suas costas lentamente e segurei bem forte em seus cabelos. Minha boca só não estava seca por que estava ocupada demais beijando e recebendo beijos de Alexis.
As mãos de Alexis passeavam pelo meu corpo, enquanto ele tentava conseguir parar de me beijar. Minhas mãos também exploravam o corpo em forma de Alexis e isso fazia nossos corpos entrarem em combustão.
Alexis voltava a beijar meu corpo, enquanto eu esperava sentada em seu colo por seus lábios em minha pele. Aquele estava sendo um os momentos mais românticos e bonitos que eu já havia vivido e queria aproveitar bem cada segundo.
Ainda no colo de Alexis, fui deitando devagar na cama, puxando Alexis para se deitar comigo e o beijando como nunca o havia beijado. Seu corpo quente se juntou ao meu corpo em chamas e logo nós já não éramos mais dois corpos queimando, mas um único corpo vivendo um único sentimento e vivendo uma única sensação.
Entre abraços e beijos quentes a noite prosseguiu de forma mágica. Não sei se preciso descrever o que aconteceu depois e nem sei se conseguiria. Foi o momento mais mágico e mais sensual que havia vivido em toda minha vida. Um momento do qual eu não iria me arrepender de ter vivido com Alexis. Melhor, esse momento não poderia ter sido vivido com outra pessoa que não fosse o Alexis. Eu estava em completo êxtase e não queria que a noite acabasse tão cedo. Mas uma hora ela tinha que acabar e meu único consolo e que essa noite havia sido a primeira de muitas outras que viriam. Muitas outras.