Um clima sombrio havia sido criado enquanto gritos de horror e gemidos de dor eram incansavelmente emitidos do lado de fora do galpão.
O galpão era todo fechado e não podíamos ver absolutamente nada do que acontecia lá fora. Os demais moradores pareciam já estar acostumados, mas eu, Nicardo, Thalassa e Cosmo estávamos um pouco “confusos”.
– O que é isso? – perguntei para Tales.
– Temos que falar disso? – ele rebateu.
– Seria bom! – respondi.
– Será mesmo? – ele continuava se esquivando.
– Tem haver com aquelas casas não tem? – fiz uma nova pergunta – Tem haver com aquele corredor de casas.
– Por que está querendo entrar neste assunto agora? – ele parecia nervoso.
– Talvez por que tem varias pessoas gritam e gemendo desesperadamente do lado de fora do galpão. – coloquei as mãos na cintura.
– Que gritos? – ele mentia muito mal.
– Não me faça de boba! – quase gritei – Já não é de agora que você está se esquivando das minhas perguntas. Pelo menos das minhas perguntas sobre aquele maldito corredor de casas.
– Disse muito bem! – Tales ficou serio – Maldito!
– O que há naquele lugar? – perguntei, mas fui ignorada.
Aproximei-me de Nicardo, Cosmo e Thalassa. Eles estavam tão confusos e amedrontados quanto eu. Os gritos na cessavam e estavam começando a bater nas paredes do galpão. Golpes furiosos, como os gritos.
– Tem idéia do que está acontecendo? – Nicardo perguntou.
– Achei que um de vocês teriam a resposta. – respondi decepcionada.
– O Tales não te disse nada? – Thalassa quem perguntava agora.
– Não! – respondi – Ele só enrolava e enrolava, mas nunca dizia nada.
– E você pensou em fazer alguma coisa? – Nicardo perguntou.
– Você está pensando em alguma coisa? – rebati.
– Não exatamente. – Nicardo coçava a cabeça – Estava pensando em algo, mas não sei se daria certo ou se adiantaria de alguma coisa.
– O que você pensou? – Thalassa se interessou no plano.
– Não é nada de elaborado. – Nicardo fazia cara de quem não era para esperar nada espetacular – Pensei em ir lá fora e conferir o que está acontecendo.
– Você está maluco? – Cosmo falou um pouco alto – Olha como eles estão gritando. Nem parecem humanos.
– Mas por que estão gritando? – Nicardo parecia intrigado.
– Se fosse por algum motivo justo, Tales já teria ajudado! – Cosmo tentava tirar a idéia da cabeça de Nicardo.
– É verdade Nicardo! – Thalassa entrou na sua frente – Não sei se seria uma boa idéia.
– Mas então por que o Tales não conta nada? – Nicardo estava aflito.
– Quanto a isso eu concordo com o Nicardo! – entrei no meio dos dois – O Tales tinha que nos contar o que são eles ou o que está havendo com eles e por que ele não os ajuda.
– Tudo bem, isso realmente é verdade. – Thalassa ajeitava o cabelo – Mas se ele não quer contar e por que deve ser algo grave.
– E por ser algo grave ele deveria contar para nós! – Cosmo entrava para o nosso lado.
– E o que vocês vão fazer? – Thalassa colocava as mãos na cintura – Fugir escondidos?
– Tudo bem! – Nicardo levantava as mãos em rendição – Eu não irei fazer nada.
– É o melhor a se fazer! – Thalassa sorria aliviada.
– Mas o Tales vai ter que explicar o que está acontecendo! – Nicardo estava decidido.
– Concordo! – Cosmo cruzou os baços.
Talvez fosse melhor conversar com uma porta. Nunca vi algum tão intransigente quanto o Tales. Não sei se na época em que o conheci da primeira vez ele era assim, mas sem dúvida se não era o tempo o tornou um cara difícil de se lidar.
Não preciso dizer que a noite foi horrível. Tente dormir com gritos que você só ouve em noites de terror e saberá o que passei. Apenas quando o sol começou a nascer que os gritos cessaram. Mas não tive muito tempo para descansar tranquilamente. Pouco depois de amanhecer, Nicardo me acordou.
– Beatriz! – ele me sacudiu – Vamos sair logo daqui!
– O que? – ainda estava sonolenta – Por quê?
– Os guardas de Bianor estão vindo fazer a “vista grossa” deles. – agora Tales quem me apressava a acordar – Mas se nos encontrarem, provavelmente não irão fazer vista grossa.
– Mas eles já estão aqui? – me levantei rapidamente.
– Já! – Cosmo apareceu – Por sorte entraram pelo porto e não pela ala isolada que deixamos o submarino.
– E nós vamos para o submarino? – balancei a cabeça tentando despertar completamente.
– Isso é uma pergunta? – Tales terminava de colocar algumas coisas em uma mala.
– Mas eu nem dormi direito! – reclamei.
– No submarino você dorme, agora vamos! – Nicardo me apressava.
– Cada a Thalassa e o Cosmo? – Tales olhava em volta.
– Estamos aqui! – Thalassa apareceu ao lado de Cosmo, que estava do lado de Tales.
– Muito bem, não podemos perder tempo aqui! – Tales colocou a mala nas costas – Cosmo, ao submarino!
– Mas e as outras pessoas? – perguntei.
– Já deixei outro em meu lugar tomando conta deles! – Tales respondeu – Eles já estão prontos para se cuidarem sozinhos faz tempo. Estava só esperando vocês voltarem para partir.
– Agora vamos apressar o passo! – Cosmo já estava na porta.
– Vamos ter que passar por aquele corredor de casas de novo? – perguntei.
– Não! – Tales gritou – Não, ali é muito perigoso. Conheço um atalho.
– Atalhos são coisas bem convenientes em momentos como esse! – Cosmo sorriu e fez um gesto com a cabeça nos apressando.
– Com certeza! – Nicardo sorriu.
– Então vamos parar de enrolar e vamos sair daqui logo? – encerrei o assunto.
Passamos por um caminho que seguia por trás do corredor de casas. Era um caminho difícil, cheio de ruínas e pedras enormes. Mas em compensação, seria difícil nos ver passando por ali.
Realmente não demorou muito quando chegamos ao local onde estava o submarino. Ele estava invisível, mas víamos sua antena sinalizando sua localização. A antena não chamava a atenção, parecia apenas um graveto flutuando na água. Apenas quem sabia da existência do submarino poderia saber que aquele graveto deitado na água era um sinalizador.
Antes de chegarmos ao submarino, uma moça correu em nossa direção. Ela parecia desesperada e se jogou as meus pés.
– Por favor, me ajudem! – a moça estava realmente desesperada. – Se vocês estão fugindo de Leander, me ajudem a fugir também!
– Calma, espere! – eu disse enquanto Nicardo voltava pra ver o que estava acontecendo.
– Eu te conheço! – a moça parecia aliviada com olhou meu rosto – Sim, é você! Você estava aqui com Nicardo há um ano atrás. Por favor, me ajude?
– Calma! – a moça segurava em minhas pernas.
– O que está acontecendo aqui? – Nicardo se assustou quando viu o rosto da moça – Levinda?
Levamos a Levinda para o submarino. Ela conseguiu se acalmar. Nicardo me contou que Levinda foi uma moça que conheci quando viemos da primeira vez em Leander. Ela que havia nos avisado que a dona do hotel em que havíamos ficado estava espionando os hóspedes. Tales contou que mais tarde foi descoberto que Elma, a dona do hotel, havia feito um acordo com Bianor e que ele havia dado o hotel de presente, em troca de informações sobre quem agisse de forma suspeita. Thalassa contou que foi assim que Bianor descobriu que estávamos atrás dos cristais e conseguiu armar a armadilha em Calidora que nos fez ficar presos.
Contamos também a Levinda sobre a minha perda de memória e que estávamos atrás de um jeito de recuperar minha memória. Levinda pareceu surpresa com tudo o que contamos e ouviu cada detalhe com atenção, mas sempre que olhava para Nicardo ficava triste.
– Por que você estava fugindo? – perguntei.
– Dos guardas de Bianor. – ela fitou o chão – Fugi do castelo de Bianor e os guardas me seguiram até aqui.
– Qual castelo? O de Neide ou o de Calidora? – Tales perguntou.
– De Calidora! – Levinda continuava fitando o chão – Lá é a base dele. Eles foram os primeiros a apoiar-lo.
– Mas você estava sendo mantida prisioneira? – Nicardo quem perguntava.
– De certa forma. – ela ficou ainda mais triste – Eu ainda não era prisioneira, mas iria virar.
– Estava sendo condenada? – Thalassa chegou mais perto de Levinda.
– Sim! – ela fitou Nicardo – Estava sendo condenada a ser a terceira esposa de Bianor.
– Terceira esposa? – Tales se surpreendeu – Não sabia que ele tinha se casado.
– Ele ainda não se casou, mas continua escolhendo as esposas. Ele pretende ter 7 esposas, o numero da perfeição. – Levinda ficou seria – Ele só vai casar depois que encontrar as 7 esposas. Serão 7 dias de casamentos. Ele pretende fazer uma semana de festa para todos que se aliaram a ele.
– Mas Bianor quer esposas para o que se ele vai destruir o mundo de Ofir? – perguntei.
– Quem disse que o plano dele é destruir Ofir? – um tom sombrio cobriu as palavras de Levinda – Bianor é a última pessoa a querer ver Ofir destruída. Os planos dele vão muito além disso.
– Mas você disse que ele só vai se casar depois que encontrar todas as esposas. – Nicardo parecia preocupado – E se você seria a terceira, isso quer dizer que ele já tem a primeira e a segunda esposa. Certo?
– Sim! – Levinda voltou a fitar o chão – Antes de fugir ele já tinha eleito a quarta esposa.
– E você sabe quem eram as outras esposas? – Nicardo realmente parecia preocupado.
– Bem, a quarta eu não lembro o nome. – Levinda parecia estar tentando lembrar – Mas era bem novinha. 19 anos provavelmente. A outra era a Layla. Elma vendeu a própria filha para Bianor. Ela também tentou fugir, mas não teve muita sorte.
– E a primeira? – Nicardo estava muito aflito.
– Era a Nínive, sua Irmã! – Levinda respondeu triste.
– Irmã? – me assustei – Que história é essa? Quem é essa irmã de quem você nunca me contou?
– Espere! – Nicardo me ignorou – Ela está em Calidora?
– Sim, no castelo! – Levinda respondeu.
– Quanto tempo demoraria até chegarmos a Calidora? – Nicardo virou-se para Cosmo.
– Você está...
– Quanto tempo? – Nicardo interrompeu Cosmo.
– 1 dia e meio se usarmos a velocidade máxima, mas é...
– Ótimo, vamos para Calidora! – Nicardo novamente interrompeu Cosmo.
– Espere! – Tales entrou na conversa – Temos que seguir para Capital. Neandro está contando com o nosso apoio. Ele pediu para que quando vocês voltassem seguissem direto para lá. Não podemos mudar o curso assim.
– E é perigoso! – Cosmo deixou o painel de controle – Se usarmos a velocidade máxima ficaremos lentos por 3 dias. Fora que o submarino não vai ter energia para ficar invisível.
– Não tem problema! – Nicardo estava decidido.
– Como assim “não tem problema”? – Thalassa estava brigando com Nicardo – E se precisarmos fazer uma fuga emergencial? Além de ficarmos visível para todos, estaremos seguindo na mesma velocidade que eles! Eu sei que é a sua irmã e entendo a sua preocupação, mas nada irá acontecer com ela enquanto não achar as outras esposas. Vamos nos organizar na Capital e de lá armamos um plano, pegamos reforços e resgatamos sua irmã.
– É Nicardo – Tales tentava tirar a idéia da cabeça de Nicardo – assim é mais seguro e eficaz. Se formos só nós fica mais fácil de sermos presos, mas se formos com reforços... Temos uma chance.
– Não! – Nicardo estava realmente decidido – Temos que resgatar-la agora!
– Nicardo...
– Não! – Nicardo interrompeu Thalassa – Nós vamos resgatar-la.
– Eu sei que eu vou me arrepender, mas por mim tudo bem. Você me convenceu. – Thalassa ergueu as mãos em rendição.
– Eu já deixei avisado os riscos, se mesmo assim ainda que ir... Por mim tudo bem também! – Cosmo voltava para o painel de controle.
– Já que a maioria decidiu... – Tales eu de ombro.
O dia passou e os assuntos foram poucos. Na verdade eu, Thalassa e Cosmo ficamos dormindo a maior parte do tempo. Depois da noite cheia de gritos, uma noite em silêncio era mais que merecido.
No dia seguinte levantei cedo. Ou aparentemente cedo. De baixo d’água fica um pouco difícil saber quando realmente é cedo. Cosmo estava no painel de controle observando vários pontos e imagens que – para minha surpresa – eram transmitidas pelo “tronco” que ficava invisível quando o submarino estava em movimento.
– Já estamos chegando? – perguntei.
– Ainda não. – ele olhava um tipo de radar – Mas não vai demorar muito para chegarmos.
Tales estava do lado de Cosmo. Aparentemente estava ajudando-o a manejar o submarino. Ele parecia preocupado.
– Tales? – sentei ao lado dele – Agora que o Nicardo está dormindo, acha mesmo que tem alguma chance deste plano dar certo? Por que o castelo deve ser vigiado, como entraremos?
– É exatamente nisto que estava pensando! – Tales também olhava o radar – Da primeira vez conseguimos invadir o castelo de Neide, mas tivemos ajuda da Thalassa que conhecia todas as entradas secretas. Fora que não estávamos em guerra. A segurança deve estar dobrada.
– Como faremos? – perguntei.
– Não sei. – Tales se levantou – Mas na maioria das vezes nós nunca sabíamos o que iríamos fazer ao certo, mas sempre conseguíamos. Espero que desta vez seja igual.
Chegamos a Calidora sem nenhum plano de invasão. Não sei o que o Nicardo estava pretendendo, mas esperava que ele não resolvesse ir entrando e esperando que todos abrissem passagem para ele levar a garota que foi eleita à primeira esposa de Bianor sem nenhum problema. Era um plano presunçoso. Isso é, se esse fosse o plano de Nicardo.
Assim como Neide, Calidora estava intacta. Pelo menos acredito que estava. Não sei dizer, mas sentia que ela não havia mudado. Talvez fosse a minha memória dando sinais de vida.
– Eu vou ficar no submarino! – Levinda dava alguns passos para trás – Não quero correr o risco de ser pega e não ter outra oportunidade de fugir.
– Tudo bem. – Nicardo estava serio – Entendemos!
– Eu fico com ela! – Cosmo também deu alguns passos para trás – Não é seguro deixar-la só, ainda mais agora que o submarino não ficará mais invisível. Serão 3 dias repondo energia.
– E como ele repõe essa energia? – fiquei curiosa.
– Através do sol! – ele sorriu – A energia solar é o combustível que move o submarino. Vocês não sabem a dificuldade que foi para abrir o teto na época em que ele ficava escondido.
– Então você fica! – Tales também estava serio – Vamos?
– Espere um minuto! – Cosmo pareceu se lembrar de algo na última hora. Foi para o submarino – Eu criei, antes de vocês voltarem, isso aqui. É um aparelho para nos comunicarmos uns com os outros. Leve e avise caso algo dê errado.
– Obrigado. – Nicardo sorriu – Faça o mesmo!
– Pode deixar! – Cosmo sorriu.
Andamos até chegar a um castelo. Tentamos andar o mais discretamente possível. Se ali era à base de Bianor, nós estávamos em um grande perigo.
Ficamos escondidos atrás de vários arbustos. Tales e Nicardo ficaram fitando o castelo por alguns minutos e depois fizeram expressões pensativas.
– Eu sinto como se já conhecesse esse castelo. – pensei alto.
– E conheceu! – Tales respondeu. – Todos nós conhecemos, exceto o Cosmo!
– E agora? – Thalassa perguntou – O que faremos?
– Temos que pensar em um jeito de entrar sem ser percebido. – Nicardo analisava o castelo – Mas como?
Comecei a tentar pensar em algo. Não acreditava que poderia dar alguma sugestão útil, mas queria pelo menos tentar. Se eu era a pessoa escolhida para salvar um mundo inteiro, deveria ter uma idéia sobre como invadir um simples castelo. Foi então o que aconteceu.
Não reparei no primeiro momento, mas depois comecei a sentir o meu corpo leve até ter uma sensação de estar desaparecendo. Não era a sensação que tive quando fui sugada para dentro da caixa. Não era apavorante. Foi apenas uma sensação de leveza.
– Beatriz? – Nicardo olhava para os lados. – Para onde ela foi?
– Eu estou aqui! – disse assustada – Não estão me vendo?
– Honestamente? Não! – Thalassa respondeu.
– Minha nossa, você está invisível! – Nicardo se espantou.
– Invisível? – me assustei ainda mais.
Olhei para mim mesma e não vi nada. Eu realmente estava invisível. No começo senti vontade de gritar, mas me segurei – não queria chamar atenção. Depois que comecei a me acostumar com a idéia, Tales vem com outra que me apavora novamente.
– Você encontrou o nosso passaporte para o castelo! – Tales sorriu.
– Como assim? – ainda tentava achar algo em mim visível.
– Não vê? – Tales perguntou.
– Honestamente? Não! – respondi usando as palavras de Thalassa.
– Você está invisível! – Tales estava realmente feliz.
– Eu só não entendi ainda no que isso pode ser útil? – estava desistindo de achar algo visível em mim.
– Simples, você vai lá e distrai os guardas. Nós entramos e derrubamos e entramos. – Tales estava realmente feliz.
– Na teoria realmente parece simples, mas e na prática? – disse aborrecida.
– Alguém tem um plano melhor? – Tales olhou em volta.
Ainda não sabia por que tinha aceitado isso.e se desse errado? O que faríamos? Mas eu já estava lá, junto com os guardas, e nada havia acontecido. O jeito era por o plano em prática e esperar que desse certo.
Haviam dois guardas na porta. Um virado de costas para o outro. Esperei os dois guardas que estavam perto da porta se distanciarem e botei o plano em ação. Começando por algo simples e clichê, mas que nunca falhou.
– Por que você fez isso? – o guarda da esquerda perguntou.
– Isso o que? – o da direita estava sem entender nada.
– Por que você me chutou? – o guarda da esquerda se irritou.
– Andou bebendo ontem à noite? – o guarda da direita debochou do da esquerda, que ignorou.
Não esperei muito. Apenas tempo o suficiente para os dois pararem de prestar atenção um no outro e desta vez fui atacar o da direita.
– Ei, por que fez isso? – o guarda da direita estava bravo.
– Isso o que? – o da esquerda ainda estava chateado.
– Por que você me chutou? Eu disse que não fui eu! – o guarda da direita ficou muito bravo.
– Acho que foi você quem bebeu ontem à noite! – o da esquerda falou com desdém.
Agora vinha a parte difícil. Tinha que ser rápida ou colocaria todo o nosso plano em risco. Os guardas que ficavam na porta já estavam voltando e quatro eu não daria conta. Respirei fundo e fui.
– Ei, o que está acontecendo aqui? – o da esquerda.
– Você me chutou de novo? – o da direita.
– Não! – o da esquerda – Você me chutou de novo!
– Você está maluco? – o da direita.
– Você que está doidão! – o da esquerda.
Nicardo e Tales aproveitaram o momento e deram uma pancada na cabeça dos dois guardas que caíram desmaiados no chão. Neste mesmo momento comecei a ficar visível outra vez. Só na tinha certeza se isso era bom ou ruim.
– Vamos logo antes que os outros guardas apareçam! – disse indo para a porta do castelo.
Entramos e corremos pelos corredores tentando achar lugares que não estivessem sendo vigiados. Para nossa “sorte” não haviam muitos. E o pior, não fazíamos a mínima idéia de onde estava a irmã de Nicardo.
– Acho que estamos perdidos! – Thalassa estava aflita.
– Acho que ouvi alguém chegando! – Tales se assustou.
– Rápido, por aqui! – Nicardo me puxou.
Corremos por outro corredor e não olhamos para frente. Resultado? Esbarramos em uma pessoa. Ela estava toda encapuzada e tão amedrontada quanto nós. Não sabíamos se era inimigo ou fugitivo, até eu e Nicardo olharmos o seu rosto e termos uma imensa surpresa.
– Camila?