– O que você fez com essas pessoas? – perguntei.
– Por enquanto nada. – Bianor agora andava pelo salão vazio – Eu estou apenas guardando para quando chegar a hora de me livrar de pesos indesejáveis.
– Você é um monstro. – falei. – Sou apenas um mal compreendido. Tudo o que estou fazendo é para o bem de Ofir.
– Talvez você não seja mesmo um monstro. – Amadeus falou com fúria – Só um louco mesmo.
– De você eu não permito esses tipos de abuso! – Bianor iniciou um gesto, mas se interrompeu – Acho melhor começarmos a nossa brincadeira.
Bianor desapareceu.
– Cretino covarde! – Alexis gritou – Está fugindo maldito? Volte e brigue feito homem!
– Alexis... – tentei dizer algo.
– Vejam! – Amadeus interrompeu meus pensamentos – Uma porta aberta.
– O quê? – perguntei me virando.
– Uma porta foi aberta. – Amadeus repetiu.
– Espere! – falei – Está porta não estava ali antes.
– Talvez devêssemos entrar. – Amadeus sugeriu.
– Não sei. – falei – Isso parece uma armadilha.
– Concordo com a Beatriz. – Nicardo analisava a porta – Acho que é uma armadilha.
– Ele não disse que quer brincar? – Amadeus fitava todos nós – Talvez esse seja o inicio da brincadeira.
– Continuo desconfiada. – falei.
– Eu irei entrar. – Amadeus se ofereceu para ser cobaia.
Apesar de a idéia ter partido dele, pude notar que Amadeus também não estava tão seguro quanto parecia. Ele seguiu cauteloso até a porta e entrou tomando o dobro de cuidado. Aparentemente nada aconteceu. Amadeus estava dentro da sala.
– Até agora a sala parece segura. – ouvimos a voz de Amadeus.
– Você acha que deveríamos? – Alexis perguntou.
– Não temos muitas alternativas. – conclui – Vamos entrar!
O cômodo era um grande salão vazio, com quatro pilastras transparentes que pareciam uma queda d’água. O piso era muito escuro, mas não chegava a ser preto e o teto era de um branco que quase cegava, o que me fez detestar ficar dentro daquela sala.
De repente as luzes se apagaram e um único foco de luz surgiu no centro da sala. Um barulho de máquinas industriais invadiu o local e algo começou a desce do teto. Era uma gaiola, igual as que encontramos quando chegamos ao castelo. Dentro da gaiola, uma surpresa.
– Vocês também foram pegos! – disse desesperada – Vamos tirar-los dessa gaiola rápido!
Os prisioneiros da vez eram Tales, Neandro, Linfa, Thalassa, Cosmo e minha amiga perdida Camila.
Antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, a gaiola subiu novamente e ficou no topo do teto, que pareceu mais alto agora.
– Planejei algumas brincadeiras para vocês. – a voz de Bianor invadiu o salão – Gostaria de ver-los executando todas, mas acredito que o tempo não será o suficiente. Estamos quase chegando ao nosso destino.
– Que destino? – perguntei.
– Isso não interessa agora. – Bianor falou seco – Mas ainda não chegamos e eu só estou fazendo isso para me distrair um pouco durante a viagem.
– Solte-os! – Alexis gritou – Solte-os agora.
– Não, não! – Bianor pareceu sorrir – Vocês só terão seus amiguinhos de volta quando terminarem a brincadeira. Antes disso nem pensar.
– Então comece logo essa brincadeira! – Nicardo falou.
– Que ótimo – Bianor sorriu – Estão animados!
– Claro. – Alexis disse em tom de deboche.
– Que comecem a brincadeira! – a voz de Bianor ecoou desta vez.
O foco de luz saiu de cima da gaiola e seguiu em direção a uma porta que se abria lentamente.
Algo muito inesperado apareceu atrás das portas: um pequeno gato manco.
– Mas isso é brincadeira mesmo! – Amadeus falou.
– Espere! – Nicardo pareceu se lembrar de algo – Truque velho! Preparem-se!
No mesmo instante o pequeno gatinho se transformou em um imenso Leon – e sem nenhuma pata manca.
– Que original não? – achei graça.
– Lutem! – a voz de Bianor novamente ecoou.
Alexis foi o primeiro a atacar, fazendo uma espada aparecer do nada e Nicardo atacava o Leon com as próprias mãos. Amadeus começou a atirar pequenas esferas de aço no Leon, o que era um tanto estranho. Às vezes pensava se realmente tudo o que ele contou até agora era verdade. Ou seria esse um pensamento da Mallory? Nós estávamos ficando cada vez mais unidas.
Alexis atacou o Leon pelas pernas, mas os golpes de Alexis não faziam mais que pequenos arranhões no Leon, que sempre conseguia impedir os golpes mais fortes.
Nicardo desistiu de tentar fazer algo sozinho e pediu ajuda para Amadeus.
Eu ajudei jogando as minhas bolas de fogo e água, mas eles não passavam de distrações. O Leon sempre conseguia se desviar delas.
Alexis, em uma tentativa desesperada de libertar o resto do grupo, pulou na cabeça do Leon e avançou com sua espada para cima da gaiola, mas antes que chegasse perto ele foi arremessado para longe, batendo em uma das pilastras.
– Sem trapaças! – a voz de Bianor falou.
– Como se você não fosse especialista nisto. – disse nervosa.
Nicardo e Amadeus pareceram ignorar o que havia acontecido e amarraram seus braços direitos um no outro. Amadeus e Nicardo tomaram impulso e conseguiram saltar até a cabeça do Leon e antes de caírem atiraram uma rajada de pedras nos olhos do Leon.
– Ele conseguia se defender bem pois seus olhos conseguiam enxergar tudo a sua volta. – Amadeus gritou – Agora será mais fácil de destruir-lo.
Alexis não perdeu tempo. Assim que ouviu o que Amadeus falou, se levantou e seguiu correndo em direção ao Leon. Alexis saltou e atingiu as costas do monstro, rasgando-o de cima a baixo. O bicho caiu no mesmo instante. O Leon desapareceu lentamente e sons de aplausos invadiram o local.
– Mas o que é isso? – perguntei.
– Parabéns! – a voz de Bianor – Vocês conseguiram derrotar esse bichão bem depressa, mas acho que – infelizmente – não teremos tempo para outra brincadeira.
As luzes se acenderam novamente e a gaiola foi aberta enquanto descia lentamente até o chão.
– Estão todos bem? – Nicardo perguntou.
– Estamos. – Neandro respondeu.
– O que aconteceu? – perguntei.
– Não sei explicar direito. – Cosmo falou.
– Mas eu sei! – Camila quase gritou – Você esqueceu completamente da minha existência. Mas eu te não irei te culpar. O tempo que passei escondida no castelo foi o suficiente para descobrir que sua missão era outra.
– Eu peço desculpa. – estava envergonhada – Eu acho que fui um pouco desleixada com você mesmo.
– Não tem problema. – Camila me abraçou.
– Mas como vocês acabaram aqui? – perguntei agora para Thalassa.
– Nós estávamos lutando contra os homens de Bianor, quando uma luz forte saiu de um tipo estranho. – Thalassa tentava explicar.
– Tipo estranho? – estranhei.
– Era um tipo de ciclope ou algo parecido. – Cosmo completou – A luz saia do olho dele.
– De repente todos estavam parecendo zumbis. – Linfa continuou – Seguiram em direção ao castelo de Calidora, que foi outro momento estranho.
– O castelo apareceu do nada. – Neandro acrescentou – Quando sai do castelo, foi a última coisa que vi antes de ser pego.
– Que coisa... estranha. – franzi a testa.
Interrompendo nossa conversa, um tremor nos chacoalhou para todos os lados e um barulho que mais parecia uma escavadeira fez com que meus ouvidos doessem.
– Chegamos ao nosso destino! – a voz de Bianor parecia estar sendo emitida de outra galáxia.
Quando abri novamente os olhos estávamos do lado de fora do castelo. Não estávamos flutuando e todos os castelos estavam bem presos ao chão. Do lado direito estava o castelo da Capital e do lado esquerdo o castelo de Neide. Menelau, Sotero e Leander não estavam e nem poderiam já que seus reinos foram completamente destruídos.
Olhei melhor ao redor e logo reconheci o local. Era o Deserto Orestes.
Não precisei andar muito para encontrar com Bianor novamente. Desta vez Nínive estava ao seu lado.
– O que estamos fazendo aqui? – perguntei.
– Não parece óbvio? – Bianor rebateu.
– Não para mim. – respondi.
– Bobinha. – Bianor sorriu – Pense um pouco. Foi aqui que tudo começou. Foi neste lugar que consegui o poder para conquistar o mundo de Ofir. Nada mais justo que o fim desta Ofir seja aqui e nada mais justo que o inicio da minha Ofir também comece aqui.
– Acho que isso não será possível. – eu tinha uma grande confiança. Provavelmente influencia de Mallory. Só então reparei que ela não estava mais falando comigo.
– Deixe-me adivinhar – Bianor se aproximou – Você vai dizer que eu vou ser derrotado, que vocês vão impedir meu plano maligno e blá, blá, blá. Por favor, eu não sou o vilão desta história! Quando vão compreender que o que eu estou fazendo é pelo bem de Ofir?
– Eu não acredito que você teve a cara de pau de dizer uma coisa dessas! – Alexis gritou.
– De qualquer forma, sim, eu não irei deixar que você prossiga. – falei.
– Não Beatriz – Alexis ficou do meu lado – Nós não deixaremos que isso prossiga.
– Acho que essa luta seria inevitável. – Bianor se aproximou mais de mim.
– Sim! – disse – Chegou a hora de acertamos nossas contas!
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