– Nós iremos direto para o castelo? – perguntei.
– Não, vamos passar em alguns lugares antes. – ele respondeu sorrindo.
– Alexis... – Neandro olhou torto para ele – O que você vai aprontar ainda?
–Eu descobri onde está um dos cristais! – ele parecia maravilhado.
– Como? – Neandro ficou curioso.
– Eu pesquisei muito. – ele começou empolgado – Desde antes de Bianor nos trair eu estava pesquisando sobre a possibilidade de um dos pedaços do cristal estar aqui, na capital. Afinal, Dâmaris vivia em na ilha de Ofir!
– Faz sentido. – Neandro concordou. – Mas como você descobriu?
– Eu acabei encontrando, dentro de um fundo falso de um livro antigo, bem escondido, alguns papeis chios de anotações. As anotações estavam escritas em Ofir antigos, antes da nova civilização, por isso demorei um pouco mais para traduzir tudo.
– E o que você conseguiu? – agora eu que perguntava.
– Nas anotações estava escrito onde os cristais estavam. – Alexis estava radiante.
– Mas ele dizia a localização exata? – pela cara de Neandro, ele estava achando tudo fácil demais.
– Não! – Alexis respondeu e Neandro fez uma cara de “sabia!” – De exato apenas os nomes dos reinos onde cada cristal está. O resto, as anotações deixam apenas dicas... Pistas de onde os cristais estão escondidos. E a primeira pista é a do cristal de Ofir.
– E o que dizia a primeira pista? – perguntei.
– Sou parte da história, meu melhor amigo é o tempo. Estou sempre correndo, mas nunca saio do lugar. Minhas portas só se abrirão, para os nobres de coração.
– O relógio de Ofir! – Neandro pareceu espantado.
– Exato! – Alexis sorriu e começou a explicar a charada – Sou parte da história: o relógio foi a 1ª grande construção de Ofir. Meu melhor amigo é o tempo: Obvio, ele é um relógio. Estou sempre correndo, mas nunca saio do lugar: As horas, ou os ponteiros, eles estão sempre correndo, mas o relógio continua parado no meio da praça. Minhas portas só se abrirão, para os nobre de coração: simplesmente a peça chave para descobrir de qual relógio a pista estava se referindo.
– Por quê? – perguntei sem entender.
– O relógio de Ofir foi um dos grandes esconderijos de criaturas errantes durante a construção da nova civilização. – Neandro começou a explicar – Eles causavam muitos problemas e por isso o relógio foi enfeitiçado. Apenas quem fosse da família real poderia entrar no relógio.
– E é para lá que estou seguindo agora! – Alexis estava muito feliz.
– O que são essas malas? – perguntei.
– São minhas! – ele sorriu – Mandei comprar algumas roupas de plebeu, como essa que estou usando. Não deixe cair nada, por favor!
Olhei para cara dele e ele ficou me fitando confuso. Sorri e gradualmente o sorriso foi se transformando em uma gargalhada de fazer cair lágrimas.
– Gostei... He, he... Gostei da piada! – bati no peito tentando parar um pouco a crise de risos.
– Piada? – ele olhou confuso – Que piada?
– Espere um minuto – gritei – Você está querendo que eu leve as minhas e as suas malas?
– Quem mais você acha que poderia levar?
– Não, não, não, não! – joguei as minhas malas no chão – Eu não vou levar essas malas!
– Claro que vai! – ele estufou o peito – Achas que eu irei levar essas malas. O príncipe de Ofir, futuro rei, carregando suas próprias malas! Ha, ha... Isso sim que é piada!
– Então vai ficar sem suas roupas de plebeu, eu que não vou carregar isso. – peguei minhas malas de volta e passei por cima das dele.
– Mas é muita insolência! – ele gritou. – Não aprendeu nada mesmo. Também, vivendo com desordeiros...
– Eu simplesmente não sou escrava de ninguém! – respondi – Se quiser, que leve você as suas malas, ou peça para um desses seus paus mandados para levar as malas pra você.
– Mas não ordenei que meus guardas levassem minhas malas, eu atarefei isso a você.
– E você realmente achou que eu levaria suas malas? – sorri debochada – Acho que você não é um estúpido, apenas um inocente. Coitado, acho que realmente estava acreditando que iria levar as malas pra ele.
– Ainda vais pagar por isso plebéia insolente! – ele gritou.
– Sabe que prefiro que me chame de plebéia insolente. Meu nome não é para estar em qualquer boca. – gritei ainda mais alto.
– O que está acontecendo aqui? – Neandro abriu a porta.
– É ela! – Alexis começou a falar feito criança – Ela não quer levar as minhas malas.
Fiz língua para ele e cheguei a pensar em mostrar o dedo do meio para ele, mas achei que poderia ser arriscado. Isso levando em conta que ele entenderia o que aquele gesto significa.
– Alexis – Neandro sorriu – Não precisa passar uma semana na companhia da Beatriz para saber que ela nunca faz o que não quer.
– E é exatamente isso que me preocupa. – ouvi Alexis sussurra.
– Alexis, não fique implicando tanto com ela. A Beatriz é uma garota legal.
– Viu? – provoquei. Neandro me advertiu com os olhos.
– Mas quem vai levar essas malas? – Alexis realmente estava disposto a não levar suas próprias malas.
– Peça para um de seus guardas. – Neandro apontou para os guardas na frente da entrada para cidade.
Se soubesse que iria ter que levar as malas apenas até uma carroça, eu teria dado um tapa em Alexis, e mandado deixar de ser preguiçoso. Não era nem meio metro, consegui carregar as minhas sem cansar.
A carroça era até bonitinha – para uma carroça – e lembrava as carroças de filmes de bang bang, com uma grande lona amarela, parecendo um chapéu gigante. Havia legumes, verduras e frutas em varias caixas guardadas ao fundo da carroça.
– Devemos passar despercebidos. – Alexis respondeu assim que me viu fitando as caixas.
– Viramos feirantes? – perguntei. Alexis assentiu.
Dois guardas subiram na parte da frente da carroça. Eram eles que conduziriam.
– Nós ficaremos junto com a bagagem? – perguntei assustada. Alexis assentiu novamente. – Você vai junto com a bagagem?
– Está surpresa? – ele perguntou.
– Para ser honesta, sim! – respondi subindo na carroça.
– Eu não sou assim tão metido como você pensa. – ele entrou em seguida.
Ele se sentou ao meu lado. Olhei para ele. Estava muito perto de mim. Olhei para o chão e o empurrei, sem dizer nada. Fiz com o dedo uma linha imaginaria.
– Você fica ai, eu fico aqui! – disse enquanto pegava uma maçã.
Durante a viagem, fiquei olhando os dois guardas sem armaduras. Eles pareciam tão menos pavorosos e letais sem aquelas armaduras.
De repente, um solavanco. A cena a seguir não seria muito aconselhável para crianças. A carroça jogou Alexis para cima de mim. O momento foi muito rápido, quando olhei novamente estava apavorada.
Alexis com as pernas abertas e o corpo quase completamente apoiado em cima de mim. Eu estava imóvel. Sua respiração, assim como a minha estava acelerada. Eu não estava entendendo direito o que estava acontecendo, foi quando eu vi.
Ele estava olhando, eu sei que estava. Com o sacolejo da carroça, ele acabou puxando a alça do meu vestido, deixando o meu sutiã a mostra. Mas o pior na foi isso, senti algo... Crescendo.
– TARADO! – gritei, dei um tapa no seu rosto e uma joelhada nas suas “partes sensíveis”.
– Aaaiii! – ele gritou de dor – Você quer me matar?
– Nunca mais faça isso outra vez! – gritei e dei outro tapa, desta vez em suas costas.
– Isso o que sua maluca? – ele continuava gemendo de dor e segurando “aquilo”.
– Não se faça de bobo. – olhei feio para ele – Você sabe muito bem do que estou falando. Pervertido!
– Sua louca, maluca, doida! – aparentemente a dor começava a passar.
– Está tudo bem? – um dos guardas perguntou.
– Esse tarado, tentou me atacar! – fiz-me de vitima.
– Mentira! – ele protestou ainda com as mãos segurando “aquilo” – Ela me atacou sem nenhum motivo, essa garota é completamente louca.
– Não acreditem nele! – apontei para Alexis – Tarado, tarado, tarado!
– Doida, doida, doida! – ele rebateu.
Os guardas se entreolharam e voltaram a conduzir a carroça.
– Nos ignoraram. – disse perplexa.
– Nos ignoraram. – Alexis concordou.
Ficamos em silêncio até o fim da viagem. Tentamos nos afastar o máximo possível e evitar os solavancos da carroça para que cenas como aquela não se repetissem. Seria extremamente constrangedor imaginar Alexis conseguindo retirar mais que a alça do meu vestido. Eu realmente não queria que isso acontecesse.
Chegamos ao relógio. Ele parecia mais alto. Talvez fosse o fato de só ter-lo visto uma vez de perto. Mas algo estava diferente nele, parecia estar emanando um aviso de perigo entre as pedras de tijolos de que era feito.
Alexis se levantou, mas a carroça não era assim tão grande e acabou tendo que ficar com a cabeça inclinada.
Ele fechou os olhos e pareceu se concentrar muito. De repente suas pernas começaram a desaparecer, em seguida sua barriga, depois os braços e por fim a cabeça até ele sumir completamente.
– Eu vou, você fica! – ouvi sua voz.
Senti-o saído da carroça. Algo me disse que era melhor acompanhar-lo. Não sei explicar, mas vozes começavam a falar para eu o seguir-lo, seria mais seguro duas pessoas no relógio.
Forcei um pouco a mente para lembrar como era o feitiço da invisibilidade. Lembrei.
– Levisivini! – disse a palavra mágica para acionar a magia. Neandro disse que com o tempo eu aprenderia a usar a magia sem precisar dizer as palavras mágicas.
Fui até a parte de trás do relógio. Havia uma porta, uma grande porta. Era branca e tinha a águia que havia visto no castelo gravado em cima da porta.
Vi um brilho passando por entre a fechadura e a porta se abrindo em seguida. Era Alexis. Corri, mas a porta fechou.
Sentei no chão e fiquei esperando ficar visível de novo. Mas antes que isso acontecesse à porta se abriu.
Fiquei com um pouco de medo de entrar, mas depois consegui tomar coragem e entrei enquanto a porta ainda estava aberta e o feitiço ainda estava funcionando. Assim que a porta fechou, desfiz o feitiço.
Dentro do relógio a sensação de perigo era ainda maior que do lado de fora. As paredes eram roxas e havia uma grande – muito grande mesmo – escada que deveria levar até o topo do relógio. O cheiro de mofo era muito forte e havia teias de aranha espalhadas, por todo canto. Ainda tinha também o “tique taque” do relógio, que do lado de dentro era mais alto que do lado de fora – esperava estar bem longe dali quando desse meio-dia.
Subi as escadas e pude ver Alexis um pouco mais a frente. Ele continuava andando, sem olhar para trás – ou para baixo. Pensei em chamar-lo e pedi para que esperasse, mas achei melhor seguir e ver até onde ele iria. Se eu o chamasse agora, ele mandaria eu voltar.
O “tique taque” fica quase ensurdecedor a media que íamos ficando mais perto do motor do relógio. Tentei tapar os ouvidos, mas ainda assim o som era incomodante. Alexis parecia não se importar, mas minha cabeça estava quase explodindo.
Depois de muitos degraus, finalmente chegamos ao topo do relógio. Por incrível que pareça, o som do “tique taque” havia sumido completamente, ao contrario do que pensava. Era o silêncio absoluto.
No topo do relógio havia uma grande sala. Era uma sala vazia, aos fundos os motores e todos os maquinários necessários para fazer o relógio funcionar, mas sem emitirei um som sequer. Podia ver o sol entra pela vidro do visor e a sombra de um grande XII no chão.
Alexis me viu e começou a falar, mas não ouvi um som sequer sair da sua boca. Ele estranhou, mas continuou falando. Tentei perguntar o que ele estava dizendo, mas minha voz também não saia.
Ficamos assustados. Alexis olhou para mim, fez toda a serie de expressões – bufar, balançar a cabeça, olhar para cima e fechar os olhos – e deu alguns passos para trás, na minha direção, puxando o meu braço. No mesmo estante senti um vento passar na minha frente. Vuuummm. Reparei que havia pisado em algo, tipo um botão. Alexis me jogou no chão e outro vuuummm passou por cima de nós.
Dois ponteiros imensos e bem afiados balançavam de um lado para o outro, se Alexis não tivesse dado alguns passos para trás teria sido atingido. Logo em seguida o chão da sala se abriu, e por uma fração de segundos não caímos não sei quantos metros abaixo, mas dois ponteiros fiados apareceram.
É uma armadilha!, pude ler os lábios de Alexis.
E agora? Perguntei na esperança de que ele lesse meus lábios.
Eu não sei. Consegui novamente ler os lábios dele.
Alexis pareceu pensar. Ele olhava a sala e parecia tentar achar uma solução. De repente ele olhou para mim e bateu a palma da mão na testa, como se a resposta fosse obvia.
Vamos voar? Achei que tivesse entendido errado. Só então lembrei o feitiço do voo. Claro, deveríamos ter lembrado antes. Passávamos por debaixo do buraco, evitando os ponteiro e seguíamos para a outra parte da sala.
Vamos voar? Ele perguntou de novo.
Vamos! Sorri animada.
Estávamos prontos para nos jogarmos buraco abaixo, quando algo me veio à mente. Outra vez a voz que me mandou entrar, disse para não fazer isso.
Tentei fazer um feitiço qualquer, não consegui. Tentei novamente e não consegui. Alexis notou que eu estava tentando fazer um feitiço, e como se estivesse lendo minha mente começou a testar um feitiço qualquer. Também não conseguiu.
A sala é imune a magia! Tive um pouco de dificuldade de decifrar isso.
O que vamos fazer? Perguntei ainda agachada com dois ponteiros querendo cortar algumas cabeças acima de nós.
Ele olhou para cima e quase vi um dos ponteiros pegando em sua orelha. Ele bateu as duas mãos na cabeça, como se estivesse desesperado por uma idéia, quando pareceu finalmente ter vindo.
Ele se rastejou até o lado da sala onde os ponteiros não alcançavam. Era um lugar limitado, mas dava para ficar de pé. Ele fez um gesto pedindo para que não tirasse os olhos dele. Fiquei com medo.
Ele se afastou um poço e encostou-se à parede. Ficou observando os ponteiros, como se estivesse fazendo algum tipo de marcação.
Um, dois, três, quatro. E, para minha surpresa, ele correu em direção os ponteiros. Fechei os olhos esperando na ver Alexis sendo mutilado. Não esperava ouvi barulhos, mas uma rajada de sangue eu achava que aconteceria.
Destapei um dos olhos, ele estava bem encima do segundo ponteiro. Os ponteiros eram bem grandes e tinha como ficar de pé neles. Vi Alexis balançando a cabeça. Pelo ritmo, estava contando novamente. No 4 ele pulou para o outro ponteiro e vez a mesma contagem para o ultimo, pulando para o outro lado da sala.
Estava surpresa com a sorte e a habilidade de Alexis – duas coisas que eu não tinha.
Ele olhou no motor e pareceu não encontrar nada. Olhou em vários cantos, até que resolveu usar as alavancas. Haviam quatro alavancas, ele mexeu na primeira alavanca. Vi um dos ponteiros do relógio dar a volta. Eram 10:00, mas Alexis fez voltar a ser 06:00. Imagino a confusão que de quem estava olhando para o relógio naquele momento. Ele mexeu novamente e o ponteiro voltou a marcar 10:00.
A segunda alavanca fez os sons voltarem. Tapei meus ouvidos no mesmo instante. Imagine que você está indo tomar banho, crente de que o chuveiro está quente e assim que você abri o chuveiro, um jato de algo muito fria cai sobre seu corpo. O choque é muito maior que isso, pensei que minha cabeça explodiria em mil pedacinhos.
A terceira alavanca fez com que as armadilhas parassem. O chão se fechou novamente e os ponteiros foram parando bem devagar, um por um. Assim que todos pararam completamente, fui em direção a Alexis.
– A última alavanca! – não esperava ficar feliz em ouvir a voz de Alexis outra vez.
Ele puxou a ultima alavanca com gosto e uma parede se abriu, ao lado do motor do relógio.
Um pequeno cofre apareceu e, assim como a parede, a porta do cofre abriu sozinha.
O cristal não era exatamente como imaginava. Era um pedaço de pedra transparente, com formas irregulares e não parecia tão frágil quanto um cristal deveria ser. Por instantes pensei que havíamos sido enganados, mas rapidamente Alexis pegou o cristal e guardou em uma pequena bolsa amarrada ao cinto.
Saímos do relógio – novamente invisíveis – e voltamos para dentro da carroça.
– Alexis? – chamei-o.
Sim? – ele me olhou eufórico, com um belíssimo sorriso no rosto.
– Você... Er... Você... – não queria admitir – Você foi incrível lá... No relógio... Aquele negócio de pular pelos ponteiros... Aquilo foi legal!
– Obrigado! – ele sorriu.
Um silêncio constrangedor ficou pairando sobre nós, seguido de um solavanco que nos jogou para trás quando a carroça começou a andar.
Não falamos nada durante todo o tempo. Alexis ficou admirando o cristal, como se fosse a maior conquista de sua vida. Ainda não havia percebido, mas uma grande aventura estava começando.
Quando chegamos ao porto da Capital, tive uma agradável surpresa. Neandro estava com um barco enorme, incrivelmente belo, nos esperando enquanto alguns marinheiros colocavam algumas malas e caixas dentro do navio.
– Então, conseguiram pegar o cristal? – Neandro perguntou.
Alexis deu um sorriso triunfal, que por si já respondia a pergunta, mas afirmou com o dedo e depois apontou para a sacola amarrada em sua cintura.
– Então já temos o primeiro pedaço do Cristal de Dâmaris! – Neandro estava feliz.
– E você, o que está fazendo aqui? – perguntei sorrindo.
– Resolvi ir com vocês. – Neandro abriu outro largo sorriso.
– Não acredito! – quase gritei – Serio?
– É claro! – ele deu uma gargalhada.
– O que te fez mudar de idéia? – Alexis perguntou em um tom mais serio.
– Você tinha razão – Neandro também mudou o tom – Não existe nada que eu possa fazer pela Linfa aqui. Acho que o único meio de salvar-la e usando o meu pedido para o cristal. E se foi coisa do Bianor... Eu irei ajudar vocês a encontrar o esconderijo dele. Não só pela Linfa, mas pela mamãe também!
– Vocês vão atrás do Bianor? – uma voz familiar surgiu detrás de nós.
Olhamos todos ao mesmo tempo. Era o rapaz estranho que havia visto uma semana atrás na feira de Ofir. O que havia me oferecido uma maçã.
– Você está nós seguindo? – Alexis brigou.
– Vocês já se conhecem? – perguntou Neandro.
– Não... Digo.. Sim... Mais ou menos. – Alexis estava confuso.
– Nós o encontramos uma vez, quando estava indo para sua casa. – expliquei – Ele me ofereceu uma maçã, mas nós nem sabemos o seu nome.
– Desculpe! – ele retirou a capa e o lenço do rosto – Meu nome é Nicardo Calimeria de Leander.
– Leandinês... – Neandro pareceu um pouco desconfiado.
– Fale, o que você quer? – Alexis parecia muito nervoso com a presença de Nicardo.
– Eu quero ir com vocês! – Nicardo respondeu serio.
– Mas nem pensar! – Alexis debochou da cara dele – Eu hein... Nem te conheço.
– Por favor, eu também preciso encontrar Bianor! – Nicardo continuava serio e parecia ignorar as patadas de Alexis.
– E por que precisa tanto encontrar com Bianor? – Alexis perguntou desconfiado.
– Eu quero descobrir o seu esconderijo e resgatar minha irmã. – ele respondeu ainda serio – Ela foi sequestrada por Bianor enquanto passava alguns dias aqui, na Capital. Infelizmente ela teve o azar de chegar aqui um dia antes de acontecer a 1ª batalha.
Neste momento senti certa “afinidade” com essa irmã de Nicardo, por que será?
– Vire-se sozinho! – Alexis foi grosso.
– Nossa Alexis, não precisa ser assim! – andei para perto de Nicardo – Vamos deixar-lo ir com a gente, o que custo. Você também não quer encontrar o esconderijo de Bianor, não está certo de que ele também sequestrou a sua mãe? O que custa ajudar-lo?
Alexis olhou para mim e depois para Neandro, que devolveu o olhar. Os dois olharam para Nicardo e depois para mim e a cena seguinte foi a mais cômica de todas. Em exata sincronia, os dois fizeram a serie de expressões. Foi uma das cenas mais divertidas do dia.
– Tudo bem. – Neandro assentiu – Pegue as suas coisas que eu coloco no navio.
Nicardo olhou para si próprio de cima a baixo e estendeu as mãos. Ele já estava com tudo o que tinha.
– Já entendi. – Neandro balançou a cabeça e subi no barco.
Logo em seguida Alexis subiu. Nicardo me ajudou a subir e depois subi, ainda segurando a minha mão. Pude ver que Alexis quase o estrangulou por causa disso.
Neandro deu algumas ordens aos marinheiros e logo zarpamos.
Ver a ilha de Ofir sumindo lentamente fez com que eu tivesse certeza. Estava começando uma grande aventura.